«Até no cemitério!…»
Olhando no geral para a vida dos nossos cristãos e em especial para o modo de proceder de algumas pessoas que são «católicas apostólicas romanas», como se intitulam na identidade religiosa de pertença, e ainda bem, pois neste aspeto estão definidas, pensamos à priori que pelo facto de serem católicos deviam ter um modo diferente de proceder dos demais e não ir na onda ‘Maria vai com as outras’. Nesta coisa de dinheiro não parece fazer diferença. Parece que é seguida a máxima: “Deus no céu e o dinheiro cá na terra!” Esquecemos algo importante: não havendo gente, não há bens, logo o dinheiro não serve para nada. Porque há quem precise de prover ao básico da vida, é que se fez esta maneira prática e fácil de trocar bens e serviços. Todos temos tido a experiência de crise e isso deve fazer-nos pensar nas pessoas. Não há gente, não há vida. Todos precisamos do dinheiro para vivermos com aquilo de bom e de bem que o dinheiro possibilita. Há sempre o meio termo e o bom senso no uso do dinheiro e dos bens. Não é normal sentirmo-nos atacados em permanência, por causa do mais dinheiro, se nos vemos num poço sem fundo.
A primeira leitura deste domingo tirada de Amós faz uma bela reflexão sobre a vida económica e social refletindo a avareza e a sede desregrada do dinheiro, pois nada ficava por vender: ‘até as alimpas do nosso trigo’ (Am 8,6). Trata-se de um desrespeito total pelas pessoas. Numa economia dita liberal em que os credores exigem tudo e por nada até levam a roupa, e são boas pessoas como não podia deixar de ser, mostram que a avidez não respeita nada nem ninguém. Faz lembrar-me um comerciante numa loja de ferragens: «Aquele não vende o pai porque não pode!.». O interessante é que ele não desmentiu mesmo à minha frente. Logo se vê a figura e figuras que andam na vida de todos nós. Jesus dá uma bela lição de como não deve ser a administração e S. Paulo diz-nos para rezar pelas autoridades e isso fazemos! Dizemos que não serve de nada! Pergunto eu, onde andam os pais e as mães desta gente? Como ser respeitado se não se respeita e se não se ensinam os valores?
Recordo uma história que apesar de não ser bonita nem por sombra deixa de ser verdadeira. Foi um ‘falaço’ na freguesia quando um senhor morreu. As pessoas contavam que a terra da cova do cemitério faltava sempre. O coveiro lá ia metendo terra para cima e passados uns dias havia lá um fundo para preencher. “Diz-se” que o homem andou no estrangeiro, ganhou muito, roubou mais e que até matou. Não vi, nem passei! Também na Madeira no seu negócio o freguês nunca ganhava e por isso nem a terra do cemitério chegava para abafá-lo. Era um sinal do que foi e fez na vida: Castigo de Deus! Era a voz do povo do lugar que não comento. Cada um veja por si e veja-se a si. As obras de misericórdia ainda existem. Sabiam?